Frei Ademir Sanquetti
Neste ano, a Campanha da Fraternidade traz o tema: “A fraternidade e a Saúde Pública”, com o lema: Que a saúde se difunda sobre a terra (cf. Eclo 38,8). A Igreja deseja sensibilizar a todos sobre a dura realidade de irmãos e irmãs que não têm acesso à assistência de saúde pública condizente com suas necessidades e dignidade.
Neste tempo de quaresma é fundamental que existam ações transformadoras, pois a conversão pede que as estruturas de morte sejam transformadas.
A vida, a saúde e a doença são realidades profundas, envoltas em mistérios. Diante delas, as ciências não se encontram em condições de oferecer uma palavra definitiva, mesmo com todo o aparato tecnológico hoje disponível.
Assim, as enfermidades, o sofrimento e a morte apresentam-se como realidades duras de serem enfrentadas e contrariam os anseios de vida e bem-estar do ser humano.
O sofrimento redentor de Cristo leva o homem ao reencontro com seus próprios sofrimentos. Mediante a fé em Jesus, o sofrimento é enriquecido por um novo conteúdo e com um novo significado.
Este processo foi vivido por São Paulo que assim o expressou: “Com Cristo fui pregado na cruz. Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim. Minha vida atual na carne, eu a vivo na fé, crendo no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (cf. Gl 2,19-20).
A cruz de Cristo ilumina a vida humana, especialmente o sofrimento e a morte. “Quem permanece por muito tempo próximo das pessoas que sofrem, conhece a angústia e as lágrimas, mas também o milagre da alegria, fruto do amor”. Com estas palavras, o Papa Bento XVI descreve uma experiência edificante do sofrimento: na Igreja, os doentes evangelizam e recordam que a esperança repousa em Deus.
Deste modo, no contexto eclesial os doentes e os sofredores não se resumem a destinatários de atenções e de cuidados, pois exercem o protagonismo na evangelização com um testemunho profundo, o do sofrimento aceito e oferecido, o milagre do amor. (PAPA BENTO XVI. Discurso na Assembléia do Pontifício Conselho para a Pastoral no campo da saúde. L'Osservatore Romano, 22/3/2007).
Os enfermos, por sua condição de fragilidade e vulnerabilidade devido à doença e ao sofrimento constituem-se em sinais dos valores que são essenciais na nossa vida em meio a tantas coisas supérfluas. A resposta frente a esta realidade é nossa solidariedade samaritana.
Os exemplos e testemunhos encontrados nesta área da saúde, nos evangelizam! Na Bíblia há várias passagens sobre os doentes: “Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja, para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo no nome do Senhor” (cf. Tg 5,14). Se os enfermos evangelizam, também provocam uma resposta da Igreja. Primeiro, a oração na fé, “a oração feita com fé salvará o doente, e o Senhor o levantará” (cf. Tg 5,15).
Justamente no atrair sobre a situação de doença e sofrimento a ação do Ressuscitado e do seu Espírito reside na grande importância da Pastoral da Saúde.
Um doente curado pela ação de Cristo, por meio das ações da Igreja constitui uma grande alegria na terra e no céu, é premissa de vida eterna.
Que a saúde se difunda sobre a terra!
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